domingo, 20 de março de 2016

Actualizações de leituras * Estado: Paradas, paraditas, paradérrimas

Nunca pensei viver para ver chegar o dia, em que eu diria o seguinte: "Acho que já não gosto de livros". Não só estou super viva, como já me ouvi dizer isto, pelo menos umas 2 a 3 vezes por dia (todos os dias). Eu não consigo ler. Muito resumidamente é isto e, caso queiram parar de ler o post por aqui, podem perfeitamente fazê-lo, porque daqui para a frente vai seguir-se uma enxurrada de queixinhas e choraminguices sobre o porquê de não conseguir ler... e bla bla bla... bla ... ble.
A verdade, é que nem eu sei bem porque é que não consigo ler. Desde que que descobri que estou grávida que a minha cabeça anda em todo o lado menos nos livros. Penso que em Janeiro ainda publiquei um vídeo no meu canal, mas depois apenas silêncio. Fevereiro foi o mês do sono; o mês em que dormi sestas, em que passei um Sábado inteiro a dormir; o mês em que lia 1 página fosse do que fosse, e caía para o lado. Mas e agora... qual é a desculpa? Já não sinto tanto sono, já estou mais focada e menos aluada, portanto, o que raio se passa com este cérebro, que não quer ler? Absolutamente nada, digo-vos eu. Mas nada literalmente. Se o meu crânio fosse transparente, aquilo que vocês poderiam observar bem lá dentro, seriam aqueles rolos de palha que circulam pelos desertos dos filmes de cowboys. Vento... e uma imensidão de absolutamente nada. Deus...isto é deprimente.
Dou por mim a olhar para as estante e não há nada nelas que me cative. Dou por mim a criar pilhas e pilhas de livros dos quais me quero livrar! Sim, leram bem... ando a dar livros! O que raio se passa comigo? Acho que já não gosto de ler. Sempre soube aquilo que me definia. Sempre foram os livros. Pelo menos desde que me considero gente (da adolescência para a frente). O que é que eu gostava? De livros e de ler. Passatempo preferido? Ler. Aquilo que mais gostas no mundo? Livros. Simples assim. Agora receio tornar-me naquelas pessoas que perdem a sua identidade mal se tornam mães. Receio ser aquela mulher que assim que parir, se esquece de quem é e se coloca constantemente em 4º plano. Não quero ser assim. Quero ler caramba, quero gostar de ler! Quero amar ser mãe e ainda assim sentir que sei quem sou. Quero continuar a ser a Neuza pateta!
É normal? É normal passar por esta fase em que a minha cabeça só consegue pensar nas mudanças que estão para chegar fazendo com que me esqueça da pessoa que sou? A realidade é que me sinto um bocadinho apavorada com isto tudo. Toda a minha vida quis ser mãe e acredito que isso também ajudou à escolha na profissão; mas as mulheres que me rodeiam (a grande grande maioria delas) parece focar-se apenas nos aspectos negativos da maternidade. Nenhuma me diz coisas boas e todas parecem sentir um gozo quase macabro em dizer-me que a minha vida vai ser miserável daqui para a frente. Juro-vos que já cheguei até a confrontar uma com a pergunta: "Tu não gostas de ser mãe pois não?". Basicamente é isto... não consigo ler e tenho receio de estar a perder a minha identidade enquanto pessoa e mesmo enquanto blogger e booktuber. Preciso de alguns conselhos sábios de pessoas que não estejam completamente deprimidas com as suas vidas enquanto mães... porque aparentemente, isto é tudo o me rodeia. 

12 comentários:

  1. Nada de desanimar - é tudo normal! Tenho dois filhos (já bem crescidos!) e comigo foi igual... Conselhos? Não sou muito de os dar - o que posso dizer é que se deixe levar pelo seu instinto e não pelo que ouve - na "hora da verdade" tudo vai acontecer de modo diferente daquilo que ouviu ou conversou com alguém! Durante nove meses x 2 tudo o que ouvi é que toda a gente estava contente pelos "rebentos", mas... E a negritude instalava-se nas conversas - noites mal dormidas, abdicar de tudo e mais alguma coisa, marido/pai que de certeza não ia colaborar, doenças tipicas de crianças que só iam dar dores de cabeça, etc., etc., etc.... Pois foram duas gravidezes abençoadas (com todos os inconvenientes de uma gravidez, claro, mas que encarei da melhor maneira, mas isso já é também o meu feitio a funcionar!), partos maravilhosos e rápidos, crescimento dos "rebentos" com tudo: sarampo, febres altas, algumas idas à urgência onde encontrei sempre pessoal impecável e competente. E depois todas as "dores" tipicas do crescimento: birras, falta de apetite, formação de personalidades (duas crianças completamente diferentes...), e muito mais! Hoje são dois adultos (ela com 26 anos, educadora de infância (as crianças são o mundo dela!), calma, serena, sempre com um sorriso nos lábios. Ele, com 21 anos, ainda estuda e é o "desterro da louça", sempre foi - leva tudo à frente e tem uma alegria contagiante!). Sabe o que eu fiz? Ouvi tudo de toda a gente e na hora de actuar a minha cabeça e o meu coração é que me deram ordens! Cada caso é um caso e por muitas semelhanças que possam haver, nada nunca vai ser igual - até entre duas gravidezes da mesma mãe! Viva estes meses com calma (se possivel...), não deixe os seus pensamentos "passearem" por ruas mais estreitas e lembre-se desta máxima: ponha-se em primeiro lugar - se você não estiver bem mais ninguém vai estar bem! Agora se você estiver bem vai ver que tudo vai correr pelo melhor! Ajudei - óptimo! Se achou que que aquilo que escrevi em nada contribuiu então apague o comentário (ou então nem o publique) e siga em frente! Uma última nota: apesar da paixão pelos livros ser comum eu andei alguns meses em que "acumulei" livros novos (ainda o hoje o faço, porque adoro entrar em espaços com muitos livros...)e era só a isso mesmo que se limitava a expressão "pegar num livro"... Ler mesmo só aos bocadinhos foi voltando a vontade e o tempo para o fazer! Um grande beijinho e espero que tudo corra pelo melhor!

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    1. Sem palavras =) muito obrigada pelo testamento enorme que adorei ler! Não me assusta a ideia das coisas más na maternidade, porque como sou educadora já estou familiarizada com as mesmas... assusta-me que tanta mulher à minha volta aparente estar triste com a vida que tem... isso assusta-me... não quero ser assim .
      Beijinho enorme! Mil obrigadas

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  2. Vais ver que é só uma fase... Deve ser a ansiedade de ser mãe misturada com os pensamentos negativos que as pessoas só sabem dar...
    Eu não sou mãe, ainda, e claro que um dia sonho com isso, mas vou detestar se as pessoas em vez de me dar pensamentos positivos mandarem tretas para o ar que a gravidez é má, quer ser mãe perdes tempo para ti, digo logo que não lhes pedi opinião... quem diz isso é porque não tem mais nada que fazer da vida ..
    Todas as mulheres vivem o momento da gravidez e depois do nascimento da criança de forma diferente.. E vive o teu momento da maneira que te fizer feliz...
    Não me assustes, que eu também amo livros :)

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    1. =)
      uma mãe disse-me no outro dia: Sabe esses livros que adora ler? Esqueça, nunca mais vai ter tempo para nada.

      Eu respondia: Não leio 50 livros por ano leio 30 ou 20, leio o que for, mas irei continuar a ler.

      Talvez o problema seja as mulheres partirem logo do principio que se vão perder... e depois perdem mesmo.

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  3. Olha, ouve tudo ( até porque não há como fugir) mas segue os teus instintos, porque esses sempre te vão dar a resposta certa. Tenho um filho com 10 anos e sendo livrolica, a 1a coisa que me aconteceu foi....deixar de ler! Não me conseguia concentrar em nada alem de revistas Pais e Filhos e livros de grávidas e afins. Chama-se nesting e tem a ver com o facto de, por essas alturas apenas só se pensa e respira "maezices". Mas, porque há um mas, após os primeiros tempos após o parto , vais voltar ao que és, e não vais mudar a tua personalidade, vais fazer aquilo que gostas e principalmente não vais ser como essas ressabiadas que só tiram prazer em espezinhar quem está um nadita ansioso e perdido, apenas devido á mudança das circunstâncias.
    Posso-te dizer que mais ou menos quando o meu filho tinha 1 ano de idade, foi quando me apercebi que já tinha recomeçado a ler, ainda muito aos bocadinhos, mas..i'm back. Ele esteve internado 15 dias ainda antes de ter 1 ano e meio e li um livro inteiro da Philippa Gregory lá no hospital.E foi assim.
    Tudo isto para dizer: eu não me forçaria a nada, ia levando esta fase tranquilamente, lê o que te apetece ou não leias de todo - ler deve ser diversão e não obrigação - e acima de tudo, não penses que te vais perder, á tua identidade. Tu és o somatório de muitos aspectos nos quais os livros é um desses aspectos. Tens imenso para dar! Força e nada de te deixares levar pelas pessoas mesquinhas que não têm interesses nenhuns - essas é que se perderam na estrada da vida e pensam que os outros são iguais. Tenho pena dessas pessoas, pobres de espirito! Conheço tantas assim, que tive que aprender a ignorar.
    Beijinhos e apoia-te nos teus verdadeiros amigos. Esses não te vão amesquinhar o espirito.

    Maria Santos

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  4. Em primeiro lugar quero dizer-te que não te aflijas. Nunca vais deixar de gostar de ler. Estás apenas a passar por aquelas fases que as grávidas (TODAS) passam. Umas acham que nunca mais vão conseguir fazer nada para elas próprias (vai passar a ser mais dificil, mas não impossivel), outras acham que mais ninguém as vais voltar a achar mulheres (são apenas incertezas de gravidez) e depois há aquelas que acham que precisam que lhes façam tudo porque estão grávidas (taditas), não me parece o teu caso. Como já te disse numa mensagem anterior, queres dormir dorme, não gostas de ler, agora, não leias, tenta fazer apenas as coisas que estão a vir ao de cima para fazeres e não esforces as outras, lá voltarás.
    E agora para terminar, se estás a dar livros, olha eu. Não te esqueças de mim. Até vou ter contigo onde estiveres! Um beijinho grande, grande Neuza!

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  5. Olá Neuza,

    como tu mesma publicaste, Keep Calm!
    Eu sempre li imenso, sempre fui ao cinema (todas as semanas), sempre vi séries. E nos 9 meses de gravidez não me apetecia nada. Nao li quase nada, não fui ao cinema (não tinha paciência para estar tanto tempo sentada), deixei de ver séries. Na verdade só via programas de televisão altamente cultos como American Top Model ou Say Yes to the Dress.
    Acho que é um escape do nosso corpo.
    Mas depois da minha pulguinha nascer, retomei as minhas leituras, devagar ao início (li 6 livros no ano em que ele nasceu), mas no ano passado já li 63 livros (ele tem 5 anos)!
    Tudo tem o seu tempo, e as prioridades alteram-se, é certo, mas o bichinho apenas hiberna não deserta!

    Aproveita para fazer tudo aquilo que te apetecer e dá prazer (grávida pode ;-)). Sem stresses!
    Beijinhos e tudo a correr bem,
    Maria João

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    1. Também ando a comer esse tipo de programas LOOOL são terapêuticos ahahahahahah

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  6. Olha para mim!! Eu adoro ser mãe!! Sou muito mais feliz assim. Tem partes complicadas e chatas mas as partes boas são muitas mais.. Ser mãe torna-nos seres humanos melhores mais tolerantes. Apontamos o dedo menos vezes porque sabemos que não é tudo assim tão linear... A única coisa que te posso dizer é que confies em ti. Faz o que te fizer sentir bem, o que te fizer sentir confortável (e ao bebé). Parabéns mais uma vez. Beijinhos

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  7. Olá Neuza!
    Não posso comentar por experiência própria pois não sou mãe =P Mas acredito que deva ser só uma fase. Acredito também de depois do bebé nascer, o tempo para ler também diminua. Mas julgo que com tempo, vais arranjando espaço para teres uma rotina de leitura.
    Nada de desanimar!
    Beijinhos!!

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