Opinião: Por recomendação da minha querida Carla (que sabe o quanto eu gosto de um bom drama) li Cada dia é um Milagre de Yasmina Khandra. Esta foi sem dúvida uma das melhores recomendações alguma vez feita. Estou até agora, fascinada, parva com o que li e sem saber bem o que dizer acerca deste magnifico livro.
Cada dia é um Milagre, conta-nos a história de Kurt, um médico de sucesso alemão, que no decorrer de uma tragédia familiar, parte à aventura com o seu amigo Hans. Paro já aqui para vos dizer que esta pequena grande tragédia que ocorre na sua vida, logo logo nas primeiras páginas, me deixou a chorar. E continuamos, que é para vocês começarem já a imaginar o drama da coisa e a madalena que eu sou.
Cada dia é um Milagre, conta-nos a história de Kurt, um médico de sucesso alemão, que no decorrer de uma tragédia familiar, parte à aventura com o seu amigo Hans. Paro já aqui para vos dizer que esta pequena grande tragédia que ocorre na sua vida, logo logo nas primeiras páginas, me deixou a chorar. E continuamos, que é para vocês começarem já a imaginar o drama da coisa e a madalena que eu sou.
Os dois amigos partem num veleiro com destino às Comores e infelizmente, são interceptados por piratas que os fazem reféns. A partir daqui acompanhamos o drama vivido pelos dois num continente desconhecido, sem leis, sem regras e aparentemente desprovido de esperança. O livro encontra-se dividido em 3 partes: Frankfurt, Blackmoon e Regresso. Em cada uma delas acompanhamos o desenrolar deste rapto e as suas consequências.
Não posso deixar de sentir que diga eu o que disser, escreva eu o que escrever, vai sempre ficar muito por dizer. Yasmina tem definitivamente um dom. O da escrita, o da palavra, o do pensar. Criou uma história aterradora com uma componente humana tão crua e tão profunda, que não consigo deixar de pensar no livro. Um dos aspectos de que mais gostei na história, foi acompanhar não só a perspectiva do Kurt, mas de certa forma, entender as motivações dos raptores. Isentas de lógica, sem dúvida alguma, mas repletas de fundamentos... Joma, o raptor, terá sido por ventura, a personagem que mais me surpreendeu e que mais me chocou. O autor consegue com bastante facilidade criar personagens empáticas e com as quais conseguimos criar uma relação. Resta-me apontar o Francês, a minha personagem preferida. Apanhado no meio de todo este drama, sem ser de facto um estrangeiro mas um nativo de coração, acaba por ser ele o grande apoio de Kurt e o grande motor para o final que o livro teve.
O único aspecto menos bom que posso apontar, tem a ver com a escrita maravilhosa do autor que referi em cima. Da mesma forma que é envolvente, em alguns momentos, tornou-se arrastada e difícil de acompanhar. Claro que ler este livro à noite não foi a melhor escolha, pois a sua carga emocional é tão grande, que dei por mim muitas vezes exausta ao fim de poucas páginas.
Enfim, é um livro absolutamente sublime e que me fez gastar uma data de post its a marcar frases e passagens que simplesmente adorei. Se acham que têm estômago para a coisa, arrisquem e fiquem perante um dos melhores escritores que alguma vez li.
Sinopse: Na sequência de um terrível drama familiar, e a fim de superar a sua mágoa, o doutor Kurt Krausmann aceita acompanhar um amigo às Comores. O seu veleiro é atacado por piratas ao largo do litoral somali, e a viagem «terapêutica» do médico transforma-se num pesadelo. Feito refém, espancado, humilhado, Kurt vai descobrir uma África de violência e de miséria insuportáveis onde «os deuses já não têm pele nos dedos de tanto lavarem as mãos». Com o seu amigo Hans e um companheiro de infortúnio francês, descobrirá Kurt a força necessária para superar esta provação? Oferecendo-nos esta viagem surpreendente de realismo que nos transporta, da Somália ao Sudão, para uma África Oriental alternadamente selvagem, irracional, circunspecta, orgulhosa, digna e infinitamente corajosa, Yasmina Khadra confirma mais uma vez o seu imenso talento de narrador. Construído e conduzido com mão de mestre, este romance descreve a lenta e irreversível transformação de um europeu, cujos olhos se vão abrir, pouco a pouco, para a realidade de um mundo até então desconhecido para ele. Um hino à grandeza de um continente entregue aos predadores e aos tiranos genocidas.
Não posso deixar de sentir que diga eu o que disser, escreva eu o que escrever, vai sempre ficar muito por dizer. Yasmina tem definitivamente um dom. O da escrita, o da palavra, o do pensar. Criou uma história aterradora com uma componente humana tão crua e tão profunda, que não consigo deixar de pensar no livro. Um dos aspectos de que mais gostei na história, foi acompanhar não só a perspectiva do Kurt, mas de certa forma, entender as motivações dos raptores. Isentas de lógica, sem dúvida alguma, mas repletas de fundamentos... Joma, o raptor, terá sido por ventura, a personagem que mais me surpreendeu e que mais me chocou. O autor consegue com bastante facilidade criar personagens empáticas e com as quais conseguimos criar uma relação. Resta-me apontar o Francês, a minha personagem preferida. Apanhado no meio de todo este drama, sem ser de facto um estrangeiro mas um nativo de coração, acaba por ser ele o grande apoio de Kurt e o grande motor para o final que o livro teve.
O único aspecto menos bom que posso apontar, tem a ver com a escrita maravilhosa do autor que referi em cima. Da mesma forma que é envolvente, em alguns momentos, tornou-se arrastada e difícil de acompanhar. Claro que ler este livro à noite não foi a melhor escolha, pois a sua carga emocional é tão grande, que dei por mim muitas vezes exausta ao fim de poucas páginas.
Enfim, é um livro absolutamente sublime e que me fez gastar uma data de post its a marcar frases e passagens que simplesmente adorei. Se acham que têm estômago para a coisa, arrisquem e fiquem perante um dos melhores escritores que alguma vez li.
" Resiste.
Cada dia é um milagre." - Hans
"Não escolhi a violência. Foi a violência que me recrutou. De minha livre vontade ou sem dar por isso, não interessa. Cada pessoa lida com o que tem. Não quero mal a ninguém em particular e, portanto, não percebo porque não hão-de estar todos na mesma situação difícil. Para mim, brancos ou negros, inocentes ou culpados, vítimas ou carrascos, é tudo o mesmo. Sou demasiado daltónico para distinguir o trigo do joio. Além disso, o que é o trigo e o que é o joio? O que é bom para uns é mau para outros. Tudo depende do lado onde nos encontramos. Não é necessário sentir pena ou remorso. De que servem quando o mal está feito? Em pequeno, talvez tivesse coração, hoje está calcificado. Quando levo a mão ao peito, só sinto a cólera a jorrar dentro de mim. Não sei comover-me porque ninguém se compadeceu de mim. Sou apenas o suporte da minha espingarda e ignoro qual de nós, eu ou a minha espingarda, comanda o outro" - Joma
Cada dia é um milagre." - Hans
"Não escolhi a violência. Foi a violência que me recrutou. De minha livre vontade ou sem dar por isso, não interessa. Cada pessoa lida com o que tem. Não quero mal a ninguém em particular e, portanto, não percebo porque não hão-de estar todos na mesma situação difícil. Para mim, brancos ou negros, inocentes ou culpados, vítimas ou carrascos, é tudo o mesmo. Sou demasiado daltónico para distinguir o trigo do joio. Além disso, o que é o trigo e o que é o joio? O que é bom para uns é mau para outros. Tudo depende do lado onde nos encontramos. Não é necessário sentir pena ou remorso. De que servem quando o mal está feito? Em pequeno, talvez tivesse coração, hoje está calcificado. Quando levo a mão ao peito, só sinto a cólera a jorrar dentro de mim. Não sei comover-me porque ninguém se compadeceu de mim. Sou apenas o suporte da minha espingarda e ignoro qual de nós, eu ou a minha espingarda, comanda o outro" - Joma
Sinopse: Na sequência de um terrível drama familiar, e a fim de superar a sua mágoa, o doutor Kurt Krausmann aceita acompanhar um amigo às Comores. O seu veleiro é atacado por piratas ao largo do litoral somali, e a viagem «terapêutica» do médico transforma-se num pesadelo. Feito refém, espancado, humilhado, Kurt vai descobrir uma África de violência e de miséria insuportáveis onde «os deuses já não têm pele nos dedos de tanto lavarem as mãos». Com o seu amigo Hans e um companheiro de infortúnio francês, descobrirá Kurt a força necessária para superar esta provação? Oferecendo-nos esta viagem surpreendente de realismo que nos transporta, da Somália ao Sudão, para uma África Oriental alternadamente selvagem, irracional, circunspecta, orgulhosa, digna e infinitamente corajosa, Yasmina Khadra confirma mais uma vez o seu imenso talento de narrador. Construído e conduzido com mão de mestre, este romance descreve a lenta e irreversível transformação de um europeu, cujos olhos se vão abrir, pouco a pouco, para a realidade de um mundo até então desconhecido para ele. Um hino à grandeza de um continente entregue aos predadores e aos tiranos genocidas.
Um relato sublime sobre a perda e o poder de redenção.
Sempre a aumentar a minha wish sua desencaminhadora -_-
ResponderEliminarSou inocente, uma santa! Mas se te interessa saber, o livro até é bem baratinho =)
EliminarOis Neuza,
ResponderEliminarAcabei tambem de comentar e ler o livro e este livro já não me surpreendeu tanto pois tinha acabado de ler um livro do escritor que é mesmo muito bom :)
Tudo no livro é bom, as personagens, o enredo a escrita enfim não encontro defeitos e quero mesmo ler mais livros do escritor :D
Bjs e boas leituras
Este foi o primeiro de todos os outros espero =) gostei muito, mas preciso de uma pausa do autor. Não conseguiria ler dois seguidos como tu fizeste =)
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